Quem, como eu, costuma criticar o nível da arbitragem brasileira, ficou de queixo caído com o gol duplamente ilegal que colocou a França na Copa do Mundo do ano que vem e deixou desolados os disciplinados jogadores da Irlanda. Reclamaram pouco e aceitaram resignados os erros crassos do árbitro e de um dos seus auxiliares. O atacante Henry ajeitou a bola com a mão para fazer o passe que Gallo aproveitou e marcou o gol de empate no finzinho da prorrogação, lance que já começou irregular pelo impedimento de outro atacante francês.
Acontecimentos como este reascendem a polêmica sobre a utilização de recursos eletrônicos para fiscalizar a arbitragem em lances capitais de uma partida. A discussão abrange todas as formas de controle via televisão, uma delas sugerindo a colocação de um monitor na mesa do quarto árbitro.
Antes de tudo é preciso lembrar que esta figura não está ali pra bonito. Tem outras várias incumbências que ocupam sua atenção durante boa parte do jogo. Entendo, por isso, que não há como colocar o quarto árbitro com um olho no padre, outro na missa. Teria que haver um quinto elemento cuja única missão seria vigiar o monitor e avisar o árbitro principal quando surgisse uma jogada como a que mandou os irlandeses pra casa chorar na frente de um copo do seu bom uísque. Minha solidariedade e um brinde ao choro irlandês, ainda mais na companhia de um oito anos Jameson.
A FIFA resiste a todas as sugestões apresentadas pela imprensa do mundo inteiro. Confesso que também não me agrada a idéia de um árbitro multifuncional à beira do campo. É mais confusão, na certa. Prefiro um ou dois atrás de cada goleira (neologismo gaúcho), mas o custo da arbitragem subiria aos píncaros. A experiência já foi feita, no Rio, se não me engano. Mas, se do jeito que é tem clube dando calote, imaginem com mais gente na equipe.
Sinceramente estou quase aderindo ao pensamento FIFA. Receio que com a utilização dos meios eletrônicos de controle desapareceriam as polêmicas, essência do futebol e, junto, boa parte dos assuntos que alimentam mesas de debate nas rádios e televisões, colunas de jornais, blogues, sem contar as infindáveis conversas de boteco e discussões de arquibancada. Que chatice!